PAISAGEM DE MINAS

 

Quilt Myrian Melo O 3º lado do rio

Fiz este quilt para ensinar a técnica de paisagem em 2008. Inspirada em Guimarães Rosa, dei o nome ao trabalho “A terceira margem do Rio”.
Busquei nesse quilt usar materiais diferentes para dar o efeito que desejava.
A Raquel fez a aula. Vejam como ficou ótimo.
O mais interessante é que mesmo fazendo o mesmo modelo, cada obra tem um resultado diferente. Isso mostra que cada pessoa tem sua assinatura. 

AS FORMAS NO PATCHWORK

       Veja como é importante observar à sua volta. 
    Quando descobrimos o patchwork, começamos a encontrar muitos motivos que podem ser usados nos nossos trabalhos. Os motivos figurativos, geométricos já estavam por aí, nós é que não reparávamos. Desta maneira, você encontrará lindas formas na arquitetura, na arte, nas estampas das roupas, em propagandas e na própria natureza. 
    O mundo está tão cheio de imagens, porém passamos a não enxergar mais. Cuidado! Leve com você um pequeno caderno de anotações e um lápis. Sempre que você encontrar alguma forma que despertou seu interesse, registre, pois deste pequeno esboço você poderá criar algo novo. Brinque com as formas que desenhou, alongue e encurte o desenho. Repita-o várias vezes, buscando modificar algo. Monte seu arquivo de imagens em uma pasta. Selecione as imagens que te agradam e mesmo que você não vá usá-las, será enriquecedor arquivá-las. 
    Num tempo virtual, como o de hoje, temos acesso a qualquer instante à vários períodos da história ou partes do mundo. Ao mesmo tempo, temos nos voltado para um resgate do passado, podendo assim nos darmos ao luxo de criar “juntamente” com nossos antepassados.

AS FORMAS GEOMÉTRICAS NO PATCHWORK

 


    Para criar nossas colchas em patchwork usamos muitas formas geométricas. Não é preciso ser uma expert em Matemática para desenvolver seus trabalhos, mas ajudará bastante se souber algumas coisas que aprendemos, nos áureos tempos de escola, como a regra de três, a escala e definições de ângulos. Muitas formas geométricas que utilizamos em nossos blocos, já eram encontradas na antiga arquitetura, nas decorações corporais indígenas e nos têxteis africanos e asiáticos. 

    Os blocos de patchwork podem ser divididos em várias partes. Quando dividimos em dois eixos centrais, um horizontal e outro vertical (como uma cruz), formamos um bloco chamado Four Patch. Quando partimos de um quadrado e o subdividimos em três partes horizontais e três partes verticais, iremos formar um bloco denominado Nine Patch, que terá uma estrutura semelhante a um Jogo da Velha. Poderemos fazer uma nova divisão nestas estruturas usando retângulos, triângulos, círculos e/ou quadrados, formando assim, infinitos novos desenhos.         Além dos blocos de base quadrada, no patchwork, trabalhamos com formas que se encaixam e formam lindos desenhos como os hexágonos, os losangos de 30 º, 45º, 60º, que nos remetem à imagem dos azulejos hidráulicos, utilizados nas construções arquitetônicas, como nos exemplos a seguir.



Precisamos estar sempre atentas ao nosso redor, buscar algo novo onde não enxergamos mais!

O QUE É A TÉCNICA DE PAPER FOUNDATION?



    Muitas vezes ouvimos o nome de uma técnica e pensamos que deve ser algo muito diferente e novo e, portanto, precisamos aprender rapidamente. Bem, o Foundation já é um velho conhecido das Quilteiras. Velho mesmo! Pois é muito comum, encontrar colchas feitas pelas nossas avós, costuradas sobre uma base de tecido de saco ou morim.
    Foundation nada mais é do que uma base em tecido, entretela ou papel, que serve como suporte para a confecção de um bloco.
    O bloco tem uma sequência de confecção e desta mesma maneira, se cria a sequência de numeração do bloco.
    Muitas vezes o bloco tem apenas uma sequência numérica, mas em outros blocos você poderá encontrar várias sequências numéricas, isto dependerá da complexidade do desenho escolhido.
    Na técnica do Foundation, pode-se partir de um desenho figurativo e transformá-lo em um desenho com linhas retas e simplificadas. Assim você poderá criar o seu próprio desenho em Foundation.
Veja o exemplo abaixo:


COMO CRIAR SUA COLCHA

 

    Para se criar uma colcha é preciso seguir várias etapas. Tenha em mãos a medida do colchão e quanto de queda você vai querer. O ideal é que os blocos ocupem toda a medida do colchão e até ultrapassem uns 5 centímetros. Escolha do motivo: Geométrico, figurativo ou livre. 
    Para melhor entendimento do processo, trabalhe com o motivo geométrico. Facilite seu trabalho usando um papel quadriculado, desenhe blocos subdivididos em 4 ou 9 partes. Faça várias formas, até que você goste de uma. Use lápis de cor para melhor visualização. Repita o desenho mudando as direções (espelhado ou invertido), você encontrará novos efeitos e modelos. 
    Calcule quantos blocos deverá ter sua colcha. Use como referência um bloco medindo mais ou menos 30 cm ou 12“. O bloco pode ser maior ou menor. Tudo dependerá de você.
   As tiras internas são usadas para dar uma leveza a sua colcha ou para aumentar o tamanho do tampo. Caso o desenho do bloco escolhido necessite da junção dos blocos para formar uma unidade, você não deverá usar tiras internas. Ela deve medir mais ou menos de 2 a 3 polegadas. Não use tiras largas entre os blocos pois ficará desproporcional. Quando as tiras internas são muito largas, os blocos ficam muitos pequenos em relação ao conjunto o que dá a impressão de que precisava render o trabalho a qualquer preço. 
    Lembre-se sempre de que não existe um padrão definido e tudo dependerá da sua escolha. Porém se você está usando o papel quadriculado para desenhar, fica mais fácil perceber a proporção do desenho. Mesmo com regras para facilitar o serviço, precisamos sempre buscar nosso bom senso. 
    As bordas ou barras são o acabamento do trabalho central, por isso deverão completar o trabalho para enriquecê-lo. As bordas são como uma moldura de um quadro. Elas deverão ser proporcionais ao tamanho dos blocos. Você poderá usá-las lisas ou com desenhos variados. Se você quiser colocar 2 bordas em uma colcha que tenha blocos com 12 polegadas, não use as 2 bordas do mesmo tamanho. Você deverá usar bordas de 2″, 3″, 4″ ou 6”. Caso você queira colocar apenas uma barra, use 1/4 da medida do bloco de 12 polegadas ou 1/3 da medida do bloco de 9 polegadas. Assim como as tiras internas, as barras muito largas deixam as colchas sem proporção, dando a impressão que você estava querendo acabar logo. 
    Para calcular a metragem de tecido: Depois do desenho do bloco e do projeto da colcha prontos. Marque cada molde com letras. Anote o total de blocos e quantas partes (moldes) você irá precisar para fazer toda a colcha. Para cortar as barras você poderá cortar de dua maneiras diferentes. 1ª – Cortar na medida maior da colcha. No sentido do fio longo do tecido (altura do tecido = altura da colcha) 2ª – Cortar todas as barras, como corta os blocos, no sentido da trama . Neste caso sua barra terá emenda.

CRIAÇÕES PARA O VERÃO 2009

 Para a próxima estação, primavera- Verão 2009, desenvolvi algumas técnicas que foram usadas pela marcas Redley e Drosófila, no último desfile do fashion Rio.

Para Redley, desenvolvi à partir de uma peça que o estilista Bruno Coelho me apresentou, a técnica de patchwork dos Índios Seminole. Pórem o Bruno pediu-me para fazer em curvas. Eles então criaram suas peças.
Veja que lindo o vestido no desfile da marca Redley!

foto do site: http://estilo.uol.com.br/moda/album/redleyv09_album.jhtm

Já para a Drosófila brinquei com texturas. Fiz então as partes já modeladas dos vestidos que também desfilaram pelas passarelas do Fashion Rio.

 


http://estilo.uol.com.br/moda/album/drosophilav09_album.jhtm

PÃO DE QUEIJO, CAFÉ E PATCHWORK!

 


Como boa mineira, fui visitar uma amiga, para jogar um pouco de conversa fora, tomar mais conhecimento, curtir um dedo de prosa… expressões mineiras que mostram o quanto gostamos de conversar em volta de uma mesa ou perto do fogão a lenha.

Mas qual foi minha surpresa quando fomos comer um pão de queijo quentinho. Os jogos americanos tinham sido criação minha de muito tempo atrás. Já não lembrava mais que ela havia comprado em um bazar que organizei. Não resisti e fiz a foto!

 

O mais legal desta história é ver o quanto o artesanato em patchwork pode ser usado. O patchwork pode ser aplicado a vários segmentos, como: uso pessoal, utilitários, peças decorativas entre outros. O importante é usar material de boa qualidade, aproveitar o recurso dos tecidos com suas variações de cores e estampas, fazer bem feito e com ótimo acabamento.
Se você quiser vender seus produtos, siga este passos e veja se dá certo:
1- Planeje bem o que quer produzir.
2- Para quem você está fazendo, quem será o seu cliente.
3- Faça a peça piloto e teste entre amigos e familiares.
4- Se seu produto  tiver alguma função, analise se ele está funcionando bem.
5- Pense também na sua etiqueta, no modo de usar, nos cuidados de lavagem e conservação.
6- Calcule o preço de forma correta, para não ter prejuízo.
7- Planeje sua produção e o volume que você pode produzir em determinado tempo, para o caso de haver pedidos.
8- Ofereça sempre o seu produto e depois de vender…
9- Avalie sempre todos os passos acima, para melhorar sempre.
Existem mais coisas a fazer, mas se você já se organizar para alcançar esta metas, logo você estará preparada para novos desafios.
Boa sorte e viva uma boa amizade, um pão de queijo com café e nosso patchwork!

VOCÊ CONHECE ALGUÉM QUE TEM UMA COLCHA DE RETALHOS BEM ANTIGA?

 


Preciso de sua ajuda! Estou pesquisando sobre o caminho do patchwork no Brasil.
Caso você conheça alguém que tenha uma colcha de retalhos antiga, favor me enviar uma foto com os seguintes dados:
  1. Nome completo de quem fez
  2. Nome do atual proprietário
  3. Origem(Município, Estado)
  4. Data certa ou provável que foi feita
  5. Qual a razão do feitio? (caso não tenha ou não saiba, favor registrar)
  6. Com quem a pessoa que fez pode ter aprendido este ofício?
  7. Algum descendente continua fazendo?
  8. Medida do trabalho ( largura e comprimento)
  9. Qual o material usado? ( tipo de tecido)
  10. A colcha tem tecidos aproveitados ou comprados?
  11. Tem forro no verso?
  12. Tem enchimento?
  13. Que tipo de enchimento?
  14. Foi acolchoada por pontinhos?
  15. A colcha ainda está sendo usada?
  16. O atual proprietário guarda a colcha de que maneira?

Para construir nossa história é necessário registrar e valorizar o que temos.

JARDIM DA VOVÓ. VOCÊ CONHECE ESTE TRABALHO?

 


Este bloco em patchwork é denominado “Jardim da vovó”. Ele é formado por hexágonos que, ao serem emendados viram um grande jardim ao final.
Ganhei este bloco, mas infelizmente não me lembro de quem.
Em Minas, as mulheres usavam um molde feito de lata. Colocavam o tecido dobrado em volta do molde e então passavam à ferro para marcar as dobras. Faziam então um ponto de alinhavo para prender as dobras e então costuravam uma a uma com ponto de chuleado.


Esse quilt foi todo feito à mão nos anos 60, artesã desconhecida.

COMO GUARDAR OS TECIDOS




 Por trabalhar com tantas variedades de estampas e muitas vezes com pedaços pequenos, precisamos manter bem organizado o espaço de trabalho. 

Gostamos de juntar botões, fitas, rendas e um monte de “quinquilharias” que outros desprezam. 
É bom guardar tudo separado e com uma relação do que tem dentro. 
As fábricas de tecido contribuem muito para a poluição e o tecido é a nossa matéria-prima principal. Procure não desperdiçar seu tecido e outros materiais de trabalho, pois também somos responsáveis pelo Planeta. 
Quanto aos tecidos, guarde por cor. Se os tecidos estiverem em pedaços pequenos coloque em caixas separadas. Lembre-se que um pequeno tecido pode ser um detalhe importante para seu trabalho. Existem muitas maneiras de aproveitar tiras ou pedaços pequenos.

SEGREDO DO ARTESANATO EM TECIDO

Quando trabalhei como consultora de Design no projeto Sebrae de Artesanato em Minas Gerais em 2007, encontrei este artesanato. 


Este objeto era encontrado no interior de Minas Gerais, de nome Segredo ou Giramundo.
Feito da maneira tradicional inglesa de se fazer patchwork. Tinha a função de cofre, brinquedo infantil ou até enfeite. Em uma cidade que havia esse objeto, um grupo de artesãs desenvolveu usando sobra de malha das fábricas da região e recriaram os objetos



 Na foto acima pode se ver as peças antigas e desenvolvidas pelas artesãs do projeto. 

Você conhece este tipo de artesanato? Qual é a sua região?

DEU UMA FEBRE DE COLCHAS

 As alunas estão animadas. Várias estão terminando as suas colchas. Algumas fizeram colchas de solteiro, outras de casal, algumas vão doar, outras vão guardar.  Tem colcha para todo gosto, técnicas mais rápidas, cores combinadas, cores descombinadas… O mais legal é que todas ficam sempre lindas.
Leda Cabral fez este quilt de um projeto Jelly roll

Lourdinha fez os blocos usando tecidos diversos e a Sílvia Amâncio fez a montagem da colcha para ela.

 
 Este dois quilts são projetos meu, executados pela Patrícia Ravski e quiltados por Marilene Jardim, que está na foto, respectivamente.

A Rejane Lara fez um quilt usando tiras inspiradas em jelly rolls. A peça foi quiltada por Marilene Jardim.

Ana Lúcia Gigli fez um modelo usando a trança caipira e tiras com aplicações.

TRABALHOS DE ALUNAS

 Ao longo dos anos que venho ensinando o que sei para as minhas alunas, muitas coisas foram feitas por elas. Muitas coisas acabamos não registrando e tantas outras, até esquecemos que foram feitas. Atendendo ao pedido do meu grupo de alunas resolvi criar essa postagem. 

Quilt feito por Lurdinha , inspirado em revista

Quilt feito por Simone Queiroga, inspirado na revista Make

Valdete fez esse quilt para dar de presente de casamento

Quilt feito por Maria Luiza  para dança circular





PESQUISAS TÊXTEIS

 



Adoro pesquisar novas maneiras de fazer o patchwork para depois aplicar em meu trabalho autoral, esses exercícios fiz em 2008.
Neste pequeno painel acima usei o bordado à máquina e apliquei um cordonê que fiz com lãs variadas.

Este jogo americano optei por fazer as folhas em relevo e aplicadas ao fundo, quiltei com linha grossa na bobina da máquina.


E você gosta de pesquisar novas maneiras de fazer seu trabalho?

 

TÉCNICA, PROCESSO E ESTILO

 Há muito tempo não tenho publicado nada em meu blog e ultimamente tenho tido vontade de retomar essa atividade e publicar  técnicas, estilos e processos em patchwork e quilt que tenho feito, visto e aprendido. Trazer,  para  os que já fazem há muito tempo, lembranças e para aqueles que estão iniciando, desejos. 

Antes de desenvolver meu pensamento, gostaria de esclarecer o que é conhecido como técnica, processo e estilo. Segundo o site https://conceito.de  a palavra técnica vem do grego e é o conjunto de regras que se utiliza para obter uma certa meta, que deve seguir uma mesma conduta em situações semelhantes, a qual levará ao mesmo efeito.  “Como tal, trata-se do ordenamento de uma forma de atuar ou de um conjunto de ações.”  O processo é a maneira de executar determinada tarefa, seguindo várias etapas, até alcançar determinado objetivo. Já o estilo tem a ver com as características da obra de um autor ou de um conjunto obras de autores, que têm similaridades entre si. 

Como o patchwork é feito de maneira artesanal, o processo de execução parte pela habilidade e criatividade, não tendo a exigência de registro da execução como em uma área acadêmica e científica. No universo do patchwork, muitas vezes alguém faz algo e descobre uma nova maneira de execução. Repassa a experiência para outro, que repassa sucessivamente. Assim tem sido transmitido o conhecimento e mantida a cultura.

De todo o período que trabalho com patchwork e quilt, tenho aprendido e ensinado muitas técnicas. Muitas das quais fiz apenas uma vez, para apenas conhecer o processo e ver se gostaria de aperfeiçoar no estilo, outras tantas nem cheguei a fazer e outras feitas com o olhar, pois apenas apreciando percebemos como poderia ter sido feita. Há várias maneiras de se fazer um mesmo motivo ou tema.  E sempre o resultado será diferente. Que ambigüidade é o mundo das artes.  Ao mesmo tempo em que é único também é universal e ao mesmo tempo em que é igual,  também é  diferente.  Chega de conjecturas e espero que tenha apreciado a abordagem de hoje.